sábado, 24 de julho de 2010

Angelina Jolie: "Sou viciada em adrenalina"

Fonte: Revista Epoca

A atriz fala de projetos sociais, da criação dos filhos e do prazer de fazer filmes de ação. Entre seus planos está a sequência de "Salt", e a biografia de Cleópatra.
Por Denerval Ferraro Jr, de Cancun
Andrew Schwartz/divulgação

Enquanto quatro de seus seis filhos se divertem no calor mexicano, brincando na piscina do hotel Ritz-Carlton, em Cancun, a atriz Angelina Jolie enfrenta o frio excessivo do ar condicionado no salão de festas, com um discreto vestido escuro, sem mangas e com comprimento na altura do joelho. Ali se realiza uma mesa redonda com a imprensa internacional, da qual Época fez parte. Elegante, incrivelmente bonita e menos magra do que parece nas fotos, Angelina, 35 anos, responde com educação e paciência às questões sobre seu novo trabalho, Salt, e não foge de perguntas mais pessoais, como seu envolvimento em causas humanitárias, seu casamento com o astro Brad Pitt e o dia-a-dia da família mais famosa de Hollywood.

ÉPOCA – Tom Cruise ia interpretar o agente Salt no projeto original. Houve muita mudança com sua entrada, além do sexo da personagem?
Angelina Jolie –
Sim, muita coisa foi alterada. No original, uma das surpresas fundamentais da trama era que o agente conseguia dizer “eu te amo” para sua mulher, amá-la de verdade. E eles tinham um filho. Isso não funcionaria na versão feminina, pois ser amorosa não seria nenhuma surpresa para uma mulher. E nenhuma mulher na posição dela teria um filho.

ÉPOCA – O filme quase não explora seus atributos femininos. Foi proposital?
Angelina –
Foi uma escolha pessoal. Eu não achei necessário, o filme não é sobre isso. E é uma das razões pelas quais adoro o modo em que fui incorporada ao projeto. Houve alguma discussão se a gente rodava pelo menos seqüência onde eu apareceria mais sexy. No fim decidimos não fazer. Achamos que Salt seria mais legal e durona se fosse uma personagem crua, meio problemática. E isso para mim é sexy, ser hardcore.

ÉPOCA – Salt não é seu primeiro personagem de ação, mas parece o mais complexo.
Angelina –
Sim. Em geral nesse tipo de filme as pessoas se apóiam apenas na ação, mas Salt tem um roteiro muito bom, ótimos personagens. Ela é uma personagem maravilhosa, complexa. Deu um trabalhão e foi um prazer.

ÉPOCA – O filme tem um final totalmente aberto. Você pensa na continuação?
Angelina –
Muito disso depende da resposta do público. Se as pessoas responderem bem à personagem e ao filme, eu adoraria estrelar a seqüência.

ÉPOCA – Seus filhos estranharam tantas mudanças na cor do seu cabelo?
Angelina –
(risos) Para eles ainda é estranho ver sua mãe no trailer de um filme, ou no pôster. Eles acham que sou engraçada. Eles ficam surpresos que eu possa fazer qualquer coisa (risos).

ÉPOCA – Mas eles sabem que a mãe é uma atriz?
Angelina –
Os mais velhos, sim. Eles visitaram o set várias vezes, me viram loira e Shilo achou graça porque fiquei com a mesma cor de cabelo dela. Depois escureci o cabelo e Zahara adorou, porque era mais próximo do cabelo dela. Daí apareço de cabelo curto, e Shilo adorou porque fiquei parecendo um menino.

ÉPOCA – E qual foi a reação quando eles a viram como homem?
Angelina –
Eu estava ensaiando num hotel e aplicaram a maquiagem de homem pela primeira vez. Pedi para buscarem Maddox, porque ele é o mais velho e achei que ele saberia lidar com isso. Eles disseram a ele que no quarto havia um oficial do exército que eu queria que ele conhecesse. Quando ele entrou no quarto, todo entediado, não abri a boca. Ele apertou minha mão sem me reconhecer e só então eu disse “querido, sou eu”. Ele gritou: “Mãe! Tira essa máscara!” (risos). Ele realmente se assustou.

ÉPOCA – Como foi virar homem?
Angelina –
Foi fascinante, mas ao mesmo tempo muito esquisito. Brad ia ao set naquele dia e eu avisei “hoje eu sou o homem”. Ele respondeu o que a maioria dos caras diriam “não importa, eu te amo de qualquer jeito”. Falei que não era bem assim, “muito legal, mas acho que você não vai conseguir relaxar”. (risos). Quando chegou e me viu com meu corpo, mas a cabeça de homem, ele só dizia “não, não, não!” (risos).

ÉPOCA – Você já quis ser um homem?
Angelina –
(risos) Não, nunca. Adoro ser mulher. Gosto de gerar filhos, de me sentir macia, amo estar com Brad, adoro tudo que diz respeito à sensibilidade e emoções ligadas à mulher. Me sinto muito confortável com tudo isso.

ÉPOCA – Suas cenas em cima de uma motocicleta são muito boas. Você aprendeu com Brad Pitt?
Angelina –
Eu tive uma moto antes de conhecê-lo. Mas fazia tempo que não me via em cima de uma. Brad me ajudou a voltar a andar de moto. Ele é um ótimo instrutor, tem muita paciência (risos). Isso é bom, porque que sou impaciente, consigo detonar uma moto facilmente (risos). Fiz cerca de metade das cenas, em outras usamos dublês.

ÉPOCA – Como foi aprender russo?
Angelina –
Russo é difícil! Tive alguns professores, mas parecia que cada um que eu conhecia tinha uma pronúncia um pouco diferente (risos). Mas eu gostei. O som da língua russa pode ser muito duro e também muito sexy. É uma mistura interessante, mas tecnicamente foi capciosa.

ÉPOCA – Você pretende interpretar Cleópatra?
Angelina –
Sim. Na verdade, quando me apresentaram a ideia, assisti às versões anteriores e não conseguia enxergar um modo de refazer isso, de fazer algo maior ou mais extraordinário. Daí li a história de Cleópatra. Ela não tinha tanta beleza, tinha muito mais intelecto. Tem muita coisa sobre ela e sobre sua vida que nunca foi contado. Acho que alguém tem de contar a história certa.

ÉPOCA – Como andam seus projetos humanitários?
Angelina –
Acabei de voltar do Equador e do Haiti. No Equador o foco foi a situação dos refugiados colombianos, que já dura quatro décadas, os problemas das mulheres nos acampamentos. A UNHCR tem feito um grande trabalho registrando os refugiados, que passam dos 50 mil. No Haiti encontrei juízes, ministros e o presidente, junto com o governo americano, para falar da viabilidade de seus projetos. Acredito que têm futuro, então nos próximos meses vamos buscar apoio para esses projetos, para que eles possam aplicar várias leis que já existem, mas ainda não foram usadas.

ÉPOCA – Você parece ser uma mulher forte, que vai atrás daquilo que deseja. O que você almeja agora?
Angelina –
Eu só quero continuar criando uma família sólida, na qual todos são saudáveis e seguros. Tudo que vier a partir disso está ótimo.

ÉPOCA – Como você e Brad Pitt mantêm a privacidade do casal com seis filhos?
Angelina –
A gente se organiza, marcamos coisas só para nós. Dizemos a eles que mamãe e papai vão sair juntos e tudo bem, pois eles sabem que a gente se ama e adora ficar junto, ter nosso momentos. Em geral eles riem da nossa cara (risos).

ÉPOCA – Pretendem ter mais filhos?
Angelina –
Isso depende de como cada um se sente em casa, se cada um está recebendo a atenção especial que merece, se há espaço para mais uma criança. Só pensaremos nisso quando for hora.

ÉPOCA – Que legado você quer deixar para seus filhos?
Angelina –
Minha mãe sempre me fez sentir amada e me preparou para viver minha vida do jeito que eu queria, me expressar como eu escolhi. Espero dar a meus filhos essa certeza de que são profundamente amados, com a segurança de estar em um lugar onde terão tudo de que precisarem. E ao mesmo tempo encoraja-los a buscar sua individualidade, conhecer a si mesmos, sem ficar no caminho deles. Por essa razão, eles são seis indivíduos muito fortes (risos).

ÉPOCA – Como você e seu marido lidam com a voraz mídia de celebridades? Como é estar no meio desse furacão?
Angelina –
Sabe de uma coisa? A gente simplesmente não presta atenção nessas coisas. Não botamos nosso nome no Google, não lemos as seções de fofocas nos jornais, não temos assessor de imprensa, não prestamos atenção à maioria dessas coisas. Não deixamos que isso seja nosso foco. E nem permitimos que alguém venha a nossa casa contar essas coisas. Não queremos saber.

ÉPOCA – Como você explica essa obsessão por você e Brad?
Angelina –
Não tenho a mínima idéia. Somos apenas uma mãe e um pai (risos). E não temos interesse nenhum nisso.

ÉPOCA – Qual conselho daria para uma mulher que busca um casamento feliz?
Angelina –
Eu não sou muito boa em relacionamentos! (risos). Porém acredito que se você é quem você é de verdade e vive sua vida honestamente, quando encontra um cara você não está fingindo. Muita gente comete esse erro, têm uma noção equivocada de quem são, e daí não conseguem ter uma relação completamente honesta. Quando você se conhece de verdade é hora de encontrar alguém que também se conhece por inteiro.

ÉPOCA – E você se conhece completamente?
Angelina –
Sim, o melhor possível nesse estágio da minha vi da. Quando eu tiver 60 anos, provavelmente vou me conhecer ainda melhor. (risos). Mas, sim, eu me conheço, sei aquilo que valorizo, aquilo que me importa, no que sou boa. E se não me sinto satisfeita com alguma coisa, eu trabalho para melhorar isso. Tento me tornar uma pessoa melhor quando não me sinto paciente ou forte o suficiente.

ÉPOCA – Você acredita no amor eterno entre um homem e uma mulher?
Angelina –
Definitivamente.

0 comentários:

Postar um comentário

Fique à vontade para fazer comentários, críticas e sugestões, mas por favor sem ofenças a ninguem.
Obrigado por visitar o Blog Angel Jolie!