sábado, 12 de fevereiro de 2011

"De perto, ela parece normal"

Fonte: Angelina Fab Brasil


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Por Mariane Morisawa, de Nova York para a Revista Criativa Edição do mês Janeiro 2011.

Estrela de Hollywood, mulher de Brad Pitt, mãe de seis filhos, defensora das causas humanitárias e considerada uma das mais belas e glamurosas mulheres do mundo, Angelina ri de si mesma e gala de sua dificuldade para interpretar uma lady em o "O Turista".

Será possível? É a terceira vez que vejo Angelina Jolie de perto, e ela parece cada vez mais bonita. Está certo que na primeira vez, no Festival de Cannes de 2008, ela estava gravidíssima dos gêmeos Knox Leon e Vivienne Marcheline, nascidos dali a dois meses. Na segunda, ao final daquele mesmo ano, ela chorou duas vezes ao falar da mãe, morta aos 56 anos em 2007. E fuzilou com os olhos um jornalista que perguntou sobre sua saúde - havia boatos de anorexia. Mês passado, durante a mesa-redonda de lançamento do filme "O Turista", previsto para estrear no Brasil neste mês, a atriz de 35 anos parecia especialmente bonita. Angelina chegou ao quarto do Hotel Ritz Carlton, em Nova York, com uma jaqueta de paetês L'Wren Scott preta e prateada e uma saia Dolce & Gabbana e uma blusinha Karen Zambos também pretas. "Se eu uso cor, meus filhos ficam chocados!", conta a atriz.

Para minha surpresa, o desconcerto causado por sua beleza dura pouco. Em alguns minutos, ela já está rindo. E fazendo todo mundo rir ao descrever, por exemplo, sua dificuldade para interpretar a protagonista do novo filme, papel que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro deste ano. Elise Ward é uma mulher que se aproxima de um turista americano em Veneza (Frank, interpretado por Johnny Depp) para despistar a polícia. Ela finge que ele é seu amante, enquanto seu parceiro real, um golpista, permanece foragido.

"Eu me senti como Audrey Hepburn em "My Fair Lady" (1964), em que eles tentam transformar alguém que não é exatamente uma dama em uma mulher sofisticada", conta Angelina, acostumada a fazer cenas com armas, socos e pontapés. "Tive de aprender a andar e a me sentar direito, diminuir o ritmo." Na vida real, diz, isso é algo que não está em sua natureza. "A mulher moderna é tão ocupada... Aí o diretor diz: 'Apenas atravesse a rua, saboreie o dia, sinta o cheiro do ar'. Você pensa que ele é maluco!" O cineasta alemão Florian Henckel von Donnersmarck ("A Vida dos Outros", Oscar de produção estrangeiras em 2007) fez com que ela voltasse e atravessasse a tal rua cinco vezes. "Mais devagar" virou seu mantra. Não que inexistam pontos de identificação entre ela e Elise. O diretor disse que é a personagem mais parecida com a Angelina real já interpretada pela atriz. Ela parece duvidar um pouco da afirmação. "Elise não é sombria e maliciosa. Penso que é isso que ele quer dizer, porque as pessoas acham que é assim que eu sou. Florian me viu na minha vida real: com meus filhos, rindo no set... Talvez um pouco de minha mãe tenha passado pra mim. Espero ser mais suave e feminina do que as pessoas acreditam." A mãe de Angelina, Marcheline, costumava ser chamada pelos filhos de marshmallow, tamanha a doçura.

Talvez a proximidade maior de Angelina com Elise - e com Evelyn, do filme de ação "Salt" - seja a personalidade cheia de contradições. "Acho que todas nós, mulheres, temos nosso mistério", diz. Assim, a adolescente gótica que brincava com facas e a mulher que levava o sangue do então marido Billy Bob Thornton num pingente deram lugar à defensora das causas humanitárias, à mulher apaixonada pelo marido, Brad Pitt, e à mãe de seis filhos. Ela adotou o cambojano Maddox, 9, o vietnamita Pax, 7, a etíope Zahara, 6, deu à luz Shiloh, 4, a menina que gosta de se vestir como um menino, e aos gêmeos Knox e Vivienne, 2.

A família tem casa no Camboja, nos Estados Unidos (Nova Orleans e Los Angeles) e no sul da França. Quando Angelina trabalha, Brad fica com as crianças onde ela está filmando. E vice-versa. Foi assim que o ator ganhou uma temporada de três meses numa casa no Grande Canal, em Veneza, onde montou um estúdio para esculpir.

Brad me deve essa. Brincamos sempre que negociamos locações. Ele teve dois meses de Veneza com as crianças. E eu ganhei, não sei, acho Oakland (onde o ator filmou "Moneyball", em agosto e setembro do ano passado)", diz, rindo. "(Em Veneza), íamos aos museus, tomávamos café da manhã num lugar especial, íamos a um parque para jogar futebol. Havia grandes restaurantes para a mamãe e o papai jantarem de galochas para escapar da água que sobe dos canais."

Enquanto o marido esculpe e desenha móveis, Angelina escreve: ela fez o roteiro de um longa que acabou de filmar em Budapeste. Trata-se de uma história de amor durante a Guerra na Bósnia (1992-1995). A experiência, diz, a transformou como atriz. "Todos se respeitaram e se ouviram, e eu considerava isso impossível", conta ela. "Depois disso, vai ser frustrante participar de um projeto em que as pessoas se deixem levar pelo ego. Não tenho mais paciência."

De todo modo, ela prevê deixar o cinema de lado no futuro. "Vou fazer cada vez menos filmes nos próximos anos", diz, lembrando que então terá seis filhos adolescentes. "Você tem que estar presente: à medida que eles crescem, suas necessidades ficam mais complexas." Pensar nisso a faz lembrar de sua própria adolescência. "Coitada da minha mãe. Se algum deles for como eu..." Soando séria, afirma: "É possível". E repete rindo, mais conformada: "É possível."

Enquanto o cinema ainda continua em sua vida, ela especula sobre os próximos papéis. "Estou procurando uma personagem que não seja tão equilibrada", diz Angelina. Afinal, para que ser normal?

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