sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Uma mulher contra todos

Fonte: O Diario de Angelina Jolie

Angelina Jolie está realmente empenhada em provar que é, mais que simplesmente a celebridade do momento, uma atriz de grande capacidade dramática ? capaz, por exemplo, de ganhar seu primeiro Oscar como protagonista (como uma adolescente desequilibrada, em Garota, Interrompida, ela levou a estatueta de coadjuvante em 2000). Depois de O Preço da Coragem (2007), em que encarnou a incansável viúva do jornalista Daniel Pearl, em A Troca (2008) ela faz reviver Christine Collins, a telefonista que se tornou célebre ao desafiar o Estado da Califórnia em plena década de 1920.

Depois de ter o filho raptado por um serial killer, Christine foi vítima de uma armadilha política arquitetada pela polícia de Los Angeles. Buscando tirar proveito do reencontro entre a mulher e sua criança, o detetive J.J. Jones (Jeffrey Donovan) convenceu um menino qualquer a se passar por Walter Collins ? e acusou a mãe, quando ela se negou a assumir a farsa, de estar ?psicologicamente alterada? e de ser ?negligente? para com o próprio filho.

Christine foi parar num manicômio e sofreu violências diversas, mas o apoio do Padre Briegleb (John Malkovich), inimigo público do governo, somado à descoberta daquele que poderia ser o assassino do verdadeiro Walter e de outros garotos, tornaram o caso amplamente conhecido ? e a luta da mãe simples e solteira, um símbolo de resistência numa época de liberdades um tanto mais restritas para a mulher.

Concebido pelo roteirista de tevê e dos quadrinhos J. Michael Straczinsky e pelo diretor Ron Howard ? que largou o filme para se dedicar ao ainda inédito no Brasil Frost/Nixon ?, A Troca tem como principal trunfo a direção segura de Clint Eastwood. O veterano ator e realizador de 78 anos também se dedicava a outro projeto de fôlego ? Gran Torino, tanto quanto Frost/Nixon uma das estreias mais aguardadas desta safra pré-Oscar. Sua versatilidade e rapidez, no entanto ? Eastwood roda oito minutos de um longa por dia de filmagem, quando a média em Hollywood, hoje, é de 60 segundos ?, permitiram, como já acontecera com Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra (ambos de 2006), que o mestre da velha escola tocasse paralelamente seu 28º e seu 29º filme. E sem perder a mão do melodrama ? gênero em que já havia demonstrado talento com Menina de Ouro (2004).

A Troca talvez não seja tão bom quanto o longa estrelado por Hilary Swank, mas impressiona, além da reconstituição de época precisa como nem sempre se vê, inclusive no cinema americano, pela capacidade de Eastwood de driblar as armadilhas das histórias mais sentimentaloides. O que é possível, em parte, pelo total controle da trilha sonora ? que é assinada pelo próprio diretor e está indicada ao Globo de Ouro, que será entregue domingo, em Los Angeles.

Texto: Daniel Feix / Zero Hora

0 comentários:

Postar um comentário

Fique à vontade para fazer comentários, críticas e sugestões, mas por favor sem ofenças a ninguem.
Obrigado por visitar o Blog Angel Jolie!