Falta química ao casal no romântico em The Tourist
Hollywood aposta, de tempos em tempos, na alquimia entre dois ícones para alçar um potencial blockbuster ao sucesso de bilheteria: reunir um casal de astros do cinema no auge de suas carreiras – e belezas – em um thriller. Nos últimos 20 anos, alguns se mostraram arrebatadores: Michael Douglas e Sharon Stone em Instinto Selvagem (1992), Tom Cruise e Nicole Kidman em De Olhos Bem Fechados (1999), ou Brad Pitt e Angelina Jolie em Mr. & Mrs. Smith (2004).
Este não é o caso de Johnny Depp e Angelina Jolie em The Tourist, que deve estrear no Brasil em 21 de janeiro. Remake do sucesso de bilheteria francês Anthony Zimmer, de Jérôme Salle e estrelado por Yvan Attal e Sophie Marceau em 2005, a versão hollywoodiana investe no cruzamento dos olhares de seus protagonistas, na sofisticação dos figurinos e locações em Paris e Veneza, mas esquece do essencial: qualidade.
É verdade que a história de novela das 8 de The Tourist não ajuda. Depp é Frank Taylor, provinciano professor do Wisconsin (EUA) surpreendido, em uma viagem de trem entre Paris e Veneza, pela abordagem de uma mulher estonteante: Elise. O diálogo que se segue no encontro-chave do filme é de pobreza singular e dá o tom do que vem pela frente: Meu nome é Elise./ Eu sou Frank./ Frank é um nome horrível./ É o que eu tenho./ Talvez nós possamos encontrar um outro./ Ok.
Na frase “Talvez nós possamos encontrar um outro” esconde-se a lógica do filme, que paira sobre a incerteza a respeito da identidade do turista. Frank passa logo a suspeito de ser autor de um crime financeiro internacional bilionário, que se esconderia atrás de seu próprio rosto, tornado irreconhecível por cirurgias plásticas. Mas, convenhamos, Angelina Jolie – de novo, uma agente secreto – não precisa de uma cantada fraca para conquistar ninguém. Para um longa que investe tudo na imagem e no charme, falta química.
A responsabilidade pela falta de clima entre Jolie e Depp não é do casal, mas de Florian Henckel von Donnersmarck. Diretor do arrebatador A Vida dos Outros (2005), o cineasta alemão expõe seus defeitos ao migrar para Hollywood. The Tourist é só entretenimento, ou “thriller da velha guarda”, como Depp o descreveu no lançamento do filme em Paris. Flerta com o humor e chega a ser engraçado em algumas cenas. Mas em vários momentos é o tipo de longa que fica engraçado de tão ruim.
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