sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

"O Turista" aposta tudo na beleza

Fonte: Fas de Angelina Jolie


Imagine dois dos astros mais quentes de Hollywood juntos em Veneza. O resultado, mesmo que insatisfatório, deveria ao menos encher os olhos do espectador, certo? Pois é tudo o que "O Turista" ("The Tourist"), que estreia nesta sexta-feira (21), consegue. O filme estrelado por Angelina Jolie e Johnny Depp tem o mérito de reunir as dupla nas ruas da cidade italiana, em meio ao glamour de hotéis luxuosos, bailes de gala, figurinos deslumbrantes e muitos closes nos rostos da dupla. Uma ou outra cena de ação aparece na montagem para dar uma temperada na história.

A expectativa era grande, já que se trata do segundo longa-metragem do diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, aclamado por seu trabalho de estreia, "A Vida dos Outros", ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007. Envolvido com outros projetos, o cineasta foi convencido por Jolie a fazer "O Turista". Depp veio na sequência, ansioso por estar ao lado de duas potências – von Donnersmarck, em carreira ascendente, e Angelina, com quem nunca havia trabalhado – e, bem, por poder filmar dois meses na Itália. Uma oferta tentadora, em que todo mundo saía ganhando, ainda mais com um orçamento largo de US$ 100 milhões.

A premissa veio da produção francesa "Anthony Zimmer - A Caçada" (2005). Jolie interpreta Elise Clifton-Ward, a bela ex-amante de Alexander Pearce, tesoureiro da máfia russa que deu o golpe do baú – desviou mais de US$ 2 bilhões de seu chefe – e sumiu. Vigiada pela Scotland Yard em Paris, ela recebe instruções do namorado para pegar o trem rumo a Veneza, achar alguém que se pareça com ele e, assim, despistar tanto a polícia quanto os capangas russos, liderados pelo caricato Reginald Shaw (Steven Berkoff, com mais um vilão no currículo). Afinal de contas, ninguém sabe como é o rosto de Pearce, já que ele teria gasto milhões numa plástica com cirurgiões brasileiros.

No trem, Elise encontra Frank (Depp), um pacato professor de matemática americano, em férias pela Europa para se recuperar de um coração partido – é o turista do título. Leitor de tramas de espionagem, ele é fisgado pela mulher linda, misteriosa e dominadora que senta à sua frente. Com jeito de pateta, aceita uma carona pelas canais de Veneza e, quando vê, está com ela em um quarto de hotel. Não demora muito, claro, para Frank começar a ser perseguido por homens armados.

"O Turista" foi criado para relembrar os clássicos romances de aventura e espionagem de Hollywood situados na Europa. "Ladrão de Casaca" (1955) e "Charada" (1963) são referências claras, com Angelina Jolie emulando Grace Kelly e Audrey Hepburn e Johnny Depp, o galã Cary Grant. Ninguém esperava, porém, que os dois não teriam qualquer química nas telas – o romance, portanto, é uma carta fora do baralho. Apesar da magreza, Jolie desliza pela tela, carregada de joias e vestidos belíssimos, naquele que é, sem dúvida, seu papel mais glamouroso no cinema. Já Depp, por outro lado, exagera na tolice do professor nerd e não convence como herói, deixando a base de toda a história na corda bamba.

Mas a culpa não é toda dele. Indeciso entre ação, comédia e romance, "O Turista" parece um pastiche de suas influências – o mafioso Shaw é tão malvado que é engraçado. Sem ter um roteiro consistente para se apoiar, von Donnersmarck preferiu privilegiar o visual, o que só deixou evidente o vazio de todo o resto. A reviravolta clara desde a metade da trama e a trilha sonora equivocada do veterano James Newton Howard, misturando erudito e eletrônico, cacoete dos filmes de ação europeus, só tornam a experiência mais desconfortável. Um desperdício do elenco, que ainda tem Paul Bettany, Rufus Sewell e uma ponta do ex-007 Timothy Dalton ("Marcado para Morrer").

Não por nada, o filme decepcionou nas bilheterias norte-americanas e foi um fracasso de crítica. Surpreenderam, portanto, as três indicações ao Globo de Ouro, inclusive como melhor filme de comédia ou musical (categoria contestada até por Angelina Jolie). Ferino, o apresentador do prêmio, Ricky Gervais, brincou, em uma de suas polêmicas intervenções, que os correspondentes da imprensa estrangeira só lembraram do filme para poder passar um tempo com Depp e Jolie. Se a ideia de ver "O Turista" for mais ou menos essa, é mais negócio acionar a tecla "mudo" no conforto de casa e se divertir.

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